20 de dez. de 2011

Preciso de outro pecador!

Analisando a igreja de Corínto vemos uma congregação heterogênea, onde se encontravam desde mercadores judeus e prostitutas, até gregos, ciganos ou mesmo idólatras pagãos. Em meio a tudo isso, vemos o apóstolo Paulo debatendo-se com duas simples questões: O que Deus tinha em mente quando idealizou a Igreja? E como realmente esta deveria ser?
Não estava sendo fácil para ele encontrar respostas para estas perguntas, pois usou várias metáforas para tentar definir o que era uma igreja, tais como: Campo de Deus, Edifício de Deus, Templo de Deus. Porém a melhor definição encontrada pelo apóstolo para essa questão foi a seguinte: Corpo de Cristo.
Pensando sobre isso o escritor Philip Yancey propõe uma comparação mais atual. Ele começa relatando um episódio em que foi convidado por um amigo para visitar os AA (Alcóolatras Anônimos). Este amigo tivera problemas com bebidas e o surpreendeu com a seguinte frase: "Venha comigo e você terá um vislumbre de como era a igreja primitiva"
Convite aceito, Philip deparou-se com um lugar sombrio e sem luxo, onde havia uma mistura de raças e classes sociais, onde podia-se encontrar jovens e velhos, bem como famosos e anônimos. Da mesma forma, lá podiam ser vistos, homens e mulheres, estudantes e viciados, desempregados e promissores profissionais. Todos com alguns traços em comum: Vícios, solidão e desespero. 
Não demorou muito para ele entender o que seu velho amigo queria dizer...
No local onde decorriam as reuniões dos AA as pessoas sorriam e choravam juntas, compreendiam-se compartilhando honestamente os seus problemas e dificuldades, admitindo suas fraquezas, fracassos e pecados. Pessoas reais por trás das máscaras, todos no mesmo barco tentando ajudarem-se mutuamente, sem burocracia, ligados apenas com um próposito e uma premissa:
"Um alcóolatra deve dedicar sua vida para ajudar outro".
Analisando esses grupos de ajuda vemos que eles realmente funcionam, pois no meio disso tudo, ninguém é julgado ou rejeitado.
Compare isso com a igreja atual: Se uma pessoa ficasse de pé e declarasse: "Olá meu nome é João e sou alcóolatra e viciado". Ou aprofundando a questão: "Olá meu nome é Joana e sou prostituta". Como você acha que os "irmãos" reagiriam?
Declarações assim só são possíveis em lugares onde as pessoas são acolhidas e compreendidas, onde elas sabem que tem a liberdade de, por exemplo, ligar as 4 horas da manhã para alguém pedindo ajuda e contar também com a oração desta pessoa, para juntos poderem suportar os próximos 5 minutos.
Infelizmente a igreja deveria fazer um serviço semelhante a esse mas, salvo poucas exceções, não faz.
Falta dependência entre as pessoas em nossas igrejas e sobra muito egoismo, falta de humildade e falsa santidade. Vemos os problemas alheios e os desprezamos, pois classificamos as pessoas e não nos misturamos com os pecadores. Transparecemos piedade, mas inferiorizamos os que necessitam de ajuda e lutam contra o poder do pecado.
Não podemos nos esquecer que Jesus condenou veementemente essas atitudes chamando as pessoas que assim procedem de fariseus hipócritas. Ai daqueles que falam mas não fazem e dos que podem fazer o bem mas também não fazem...

Para terminar veja o que Philip Yancey escreveu:
De acordo com o historiador Ernest Kurtz, os Alcoólicos Anônimos surgiram de uma descoberta feita por Bill Wilson em seu primeiro encontro com o Doutor Bob Smith. Por conta própria, Bill tinha conseguido manter-se sóbrio por seis meses, até que viajou para outra cidade e não conseguiu fechar um negócio. Deprimido, andando pelo saguão do hotel, ouviu os sons conhecidos de risadas e gelo tilintando nos copos. Dirigiu-se ao bar, pensando: “Preciso de um trago”.
De repente, veio-lhe um novo pensamento que o fez parar: “Não, não preciso de um trago; preciso de outro alcoólatra!” Foi até os telefones do saguão e começou a sequência de telefonemas que o colocaram em contato com o dr. Smith, que viria a ser o co-fundador dos Alcoólicos Anónimos.
A igreja é o lugar onde posso dizer, sem vergonha alguma: “Não preciso pecar. Preciso de outro pecador”. “Quem sabe, juntos, possamos nos ajudar a prestar contas um ao outro e nos manter no caminho certo!”